O cérebro humano é a mais complexa e enigmática estrutura biológica da Terra. Com cerca de 86 bilhões de neurônios, esse fascinante órgão, matriz do sistema nervoso, é o principal centro de regulação e controle das atividades corporais, capaz de determinar o comportamento cognitivo, sensorial, motor, emocional e social.
Os neurônios são células do sistema nervoso que produzem sinais elétricos que codificam informações. Nos circuitos cerebrais, cada uma dessas células tem a capacidade de fazer, num único momento, 10 mil conexões com outras células, formando uma rede com trilhões de pontos de transmissão. É por meio dessas ligações, as sinapses, que os neurônios transmitem as informações necessárias para comandar cada ação do nosso corpo e formar a base das memórias, pensamentos, sentimentos e da compreensão de quem somos.
Existem dois mecanismos críticos [geneticamente determinados ou modificados por fatores patológicos ou ambientais] que desencadeiam a doença de Alzheimer. O primeiro está associado à formação de placas senis extracelulares, depósitos de fragmentos de proteína beta-amiloide que se agrupam entre os neurônios e bloqueiam a sinalização entre eles. O segundo mecanismo está associado à formação de emaranhados neurofibrilares dentro dos neurônios, decorrentes de alterações na proteína tau que impedem o tráfego intracelular de nutrientes e provocam o colapso das células nervosas. Em síntese, a doença de Alzheimer mata neurônios, bloqueia sinapses e leva à atrofia cerebral, com diminuição do peso e volume do cérebro.
A formação de placas senis geralmente ocorre na fase silenciosa, pré-clínica, antes do aparecimento dos primeiros sintomas. Já os emaranhados neurofibrilares se relacionam com a progressão da doença e o declínio cognitivo.
Na fase inicial, o primeiro sintoma evidente é o déficit de memória recente. Conforme a doença avança, placas senis e emaranhados neurofibrilares se formam em diferentes regiões do cérebro comprometendo outras funções. Acentua-se o déficit de memória e aprendizagem. Ocorrem mudanças de personalidade, desorientação espacial, incoerência na comunicação, irritabilidade, hostilidade, apatia e frustração. Na fase grave, a maior parte do córtex cerebral está comprometida e as funções intelectuais deterioradas. O cérebro encolhe e o doente se encontra em estado de dependência total. Apresenta rigidez na região dos quadris e postura em flexão. O falecimento costuma ocorrer por complicações decorrentes da imobilidade ou por embolia pulmonar e pneumonia. Em média, pacientes com Alzheimer vivem oito anos, mas algumas pessoas podem sobreviver por até 20 anos. O curso da doença depende, em parte, da idade do paciente e do seu estado geral de saúde.