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_Anita Colli
Por Jade Kastrup
ArtBio: Você transitou da pediatria para as artes plásticas e a ideia de romper com conceitos estruturados parece se estender para além de suas obras. O que a levou à produção artística e qual a influência da medicina na estética de suas obras?
Anita Colli: Nunca imaginei que um dia seria artista. A ideia inicial era encontrar uma atividade manual como forma de vivência isenta dos contornos e bases do exercício da medicina. Talvez uma busca de liberdade... Descartando, a priori, algumas práticas tradicionais, a curiosidade me levou a frequentar um curso de artes plásticas para iniciantes no clube do qual sou sócia. Gostei de aprender, me envolvi e, embora tenha começado em fase bem adiantada da vida, acho que não vou parar logo. Quanto à influência da medicina na minha produção é difícil analisar. Algumas pessoas correlacionam minhas obras a estruturas orgânicas conhecidas, mas na maior parte das vezes, elas não foram pensadas durante o processo criativo. As circunstâncias da medicina, presentes no meu trabalho, têm a ver com questionamento, uso de método, busca de soluções, análise de resultados, conceito de singularidade e percepção de variabilidade.
ArtBio: Tendo se dedicado a variadas técnicas de expressão artística, você encontrou na escultura uma forte singularidade. Qual é o diferencial da percepção através da tridimensionalidade?
Anita Colli: O uso de várias técnicas artísticas (pintura, colagem, gravura, encáustica, dentre outras) foi, acredito, necessário para o surgimento da inquietação em realizar algo diferente. Comecei a construir objetos tridimensionais com materiais descartados do cotidiano doméstico o que ampliou minhas possibilidades de criação. Surge concomitantemente a percepção do que as obras determinam no observador: ele olha de acordo com o seu mundo imaginário pessoal procurando interpretações. Eu procuro apenas uma estética espacial que me agrade. Sinto frequentemente que estou desenhando ou pintando.
ArtBio: Algumas de suas obras exploram novas possibilidades para objetos assimilados no cotidiano, como as estruturas feitas a partir de materiais descartáveis de laboratório. Em sua opinião, como a ressignificação de objetos pode ampliar o diálogo entre a obra e o observador?
Anita Colli: O material de laboratório ampliou meu horizonte de experimentação. Pipetas, tubos de ensaio, placas, garrafas, etc. são usados na construção de objetos e instalações sem conexão com a sua finalidade original. Eles são elementos que convidam à exploração de novos significados e os resultados podem levar o observador a reações diversas - surpresa, encantamento, brincadeira. Penso que o meu trabalho pode mostrar para algumas pessoas que a arte é múltipla, resultando de propostas internas contínuas e total liberdade para errar e acertar...
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