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_Martin Hill

Por Jade Kastrup

 

ArtBio: A célebre frase de Lavoisier “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” é talvez a melhor definição dos processos cíclicos da natureza. Nos dias de hoje, onde a humanidade se encaixa nesses processos?

Martin Hill: A humanidade é parte da natureza. Os seres humanos são animais com cérebros grandes e isso nos deu uma vantagem sobre todas as outras espécies para sobre-explorar o nosso nicho ecológico e, nos últimos cem anos, toda a biosfera.


Já que a natureza funciona de forma cíclica, os seres humanos devem respeitar esses mesmos princípios cíclicos ou, então, destruiremos os sistemas naturais dos quais dependemos. Atualmente, a pegada ecológica da humanidade está superando os recursos ambientais em uma progressão geométrica.

 

ArtBio: Suas impactantes esculturas são quase sempre efêmeras, produzidas com gelo, ramos, folhas, paus e pedras, e instaladas em locais pouco habitados. A fotografia permite eternizar o seu trabalho visto presencialmente por poucos. Em um mundo onde todos somos fotógrafos de redes sociais, na sua opinião, qual o principal papel da fotografia nos dias de hoje?

Martin Hill: Eu uso a fotografia para documentar minhas esculturas efêmeras. Eu acredito que a fotografia é um meio de comunicação através do qual os artistas podem expressar ideias e emoções que não poderiam ser compartilhadas por outros meios. Embora a câmera possa mentir, ela tem a capacidade de documentar a realidade da forma mais poderosa nas mãos de um bom fotógrafo. Agora que a fotografia está ao alcance de todos, para acessar seu poder temos que ser mais responsáveis, mais criativos e mais exigentes...

ArtBio: Uma pesquisa recente, feita pelo Ibope a pedido do WWF, indica que, para 58% dos brasileiros, a riqueza natural do Brasil é a maior razão de orgulho nacional. Porém, de cada dez entrevistados, oito consideram que a natureza não está protegida de forma adequada. Em paralelo, questões ambientais ficam de fora de debates eleitorais e algumas pessoas influentes acham que os ambientalistas são fanáticos e histéricos que trocaram fatos por crenças. O que você acha disso?

Martin Hill: A sociedade em geral está preocupada com o meio ambiente e a destruição ambiental que está testemunhando. Se isso é deixado de fora dos debates políticos é porque a elite, com interesse nas indústrias responsáveis pela destruição, tem o poder de influenciar o debate. Em muitos casos, esses interesses escusos deturpam fatos científicos e negam os danos ambientais, sociais e climáticos causados pelas indústrias. As indústrias de extração são hábeis em omitir a necessidade da preservação ambiental, negando fatos científicos em favor de suas crenças sem fundamentos.

 

 

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